Colaboradores do Hospital Ana Nery, membros do Corpo Clínico da instituição e representantes da comunidade participaram, na manhã desta quarta-feira, 6, de um ato simbólico em frente ao prédio do Centro de Oncologia Integrado (COI) da entidade. A ação teve por objetivo chamar atenção da comunidade e poder executivo para as dificuldades enfrentadas pela saúde. O Ana Nery, por exemplo, aguarda o pagamento de cerca de R$ 1,5 milhões. O valor refere-se a atendimentos realizados na oncologia além do contratado e incentivos estaduais, ambos de setembro de 2014 a abril deste ano.
Além disto, durante a quarta-feira, os funcionários da casa de saúde trabalham com roupas pretas ou laços pretos presos aos seus uniformes. O Hospital também não está realizando atendimentos eletivos (o que não é considerado urgência) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ao longo do dia. Cerca de 18 cirurgias pelo SUS foram reagendadas e/ou não marcadas e 63 consultas no Ambulatório do COI foram transferidas.
O movimento, chamado “Dia D”, é organizado pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul. A rede hospitalar filantrópica também está fazendo mobilizações em diversos municípios do estado.
Segundo o diretor executivo do Hospital, Lídio Rauber, o principal objetivo do movimento é chamar a atenção das pessoas frente as dificuldades de sobrevivência dos hospitais, ocasionadas pelo crescente déficit e, por consequência, o aumento do endividamento. “Este movimento não é somente em prol do Ana Nery, estamos preocupados com a saúde da população. Cerca de 70% das internações SUS são realizadas hoje pelos hospitais filantrópicos no Estado e não estamos sendo ouvidos e assistidos”, argumenta.
A rede de hospitais sem fins lucrativos do Estado, composta por 245 santas casas e hospitais filantrópicos, continua a operar e agonizando em decorrência dos atrasos de 2014 e cortes no orçamento que irão alcançar, se mantidos até o final do ano, mais de R$ 300 milhões. O montante residual de 2014 é referente à prestação de serviços dos meses de outubro e novembro que alcançam o valor de R$ 132,6 milhões. Segundo informações repassadas em reuniões com a Secretaria Estadual da Saúde e com o próprio Governador José Ivo Sartori, não há previsão para o repasse dessa quantia proximamente.
De 2015, há o corte de R$ 25 milhões mensais referentes ao co-financiamento do Estado, sendo este o único recurso que realmente vinha sendo alocado para reduzir o déficit dos hospitais com o SUS, superior a R$ 400 milhões a cada ano, sendo, portanto, essenciais para o pleno funcionamento das instituições hospitalares. No dia 10 de março entidades ligadas à área da saúde estiveram em audiência com o Governador Sartori que abriu a possibilidade de negociação referente a esse valor. Até o momento não houve medidas por parte do Estado que encaminhassem resolutivamente esse assunto.
No dia 13 de maio representantes dos filantrópicos estarão reunidos em um grande ato, em Porto Alegre, na frente do Palácio Piratini, cobrando do Governador José Ivo Sartori a remuneração digna e o tratamento de respeito que merecem.
HOSPITAL ANA NERY
